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RRI homenageia líderes indígenas com o primeiro Prêmio de Ação Coletiva durante celebração de seu 20º aniversário no Nepal
Rights and Resources Initiative
02 .07. 2025  
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Katmandu, Nepal | 30 de junho de 2025 — Durante a celebração de seu 20º aniversário em Katmandu, a Rights and Resources Initiative (RRI) anunciou os vencedores de seu primeiro Prêmio de Ação Coletiva, que reconhece povos indígenas, comunidades afrodescendentes e populações locais da África, Ásia e América Latina por sua liderança na defesa de seus direitos coletivos à terra, às florestas e aos recursos naturais.

A RRI é uma coalizão global composta por mais de 200 organizações dedicadas à promoção dos direitos territoriais e ao desenvolvimento dos povos indígenas, comunidades locais e afrodescendentes. Para esta primeira edição do prêmio, foram analisadas quase 200 indicações, das quais emergiram 18 finalistas inspiradores e três vencedores.

O Prêmio de Ação Coletiva da RRI foi criado para dar visibilidade a comunidades e lideranças marginalizadas, cujos esforços muitas vezes passam despercebidos, mas que são exemplos de meios de vida sustentáveis, ação climática e resiliência cultural. Os três vencedores são:

  • Da África: Nashulai Maasai Conservancy, localizada no ecossistema Maasai Mara, no Quênia, foi reconhecida por estabelecer, em 2016, uma das primeiras reservas naturais da África Oriental pertencentes e geridas por povos indígenas. Criada por proprietários de terras Maasai de oito aldeias, a conservância surgiu com o objetivo de recuperar e proteger terras ancestrais ameaçadas pelas mudanças climáticas, pela mercantilização da terra e por modelos de conservação excludentes que historicamente deslocaram comunidades indígenas.

Em vez de remover os povos locais, a Nashulai promove a coexistência entre a vida selvagem, o pastoreio e os modos de vida comunitários, revitalizando o conhecimento tradicional indígena em combinação com práticas inovadoras. Desde então, a iniciativa transformou-se em um ecossistema próspero e um centro cultural, fomentando a conservação ambiental, meios de vida sustentáveis, o empoderamento das mulheres e o renascimento cultural — tudo sob liderança indígena.
“Este prêmio nos mostra que, quando as comunidades trabalham juntas, coisas incríveis podem acontecer”, afirmou Nelson Ole Reiyia, CEO e cofundador da Nashulai Maasai Conservancy.
[Mais aqui.]

  • Da Ásia: A Comunidade Indígena Jargaria das Ilhas Aru, localizada na província de Maluku, na Indonésia, foi premiada por sua poderosa liderança em defesa do meio ambiente, especialmente por meio do movimento #SaveAru. Fundamentada em sistemas de governança consuetudinária profundamente democráticos, essa comunidade tem resistido de forma contínua à apropriação de terras por empresas e à degradação ambiental desde a década de 1990.

Seu trabalho alcançou um ponto decisivo entre 2013 e 2015, quando mobilizaram apoio nacional e internacional para proteger mais de 500.000 hectares de floresta tropical. Essa resistência coletiva tornou-se um dos movimentos de conservação comunitária mais emblemáticos da Indonésia. Mais aqui.

O prêmio deu um novo fôlego ao nosso movimento, incentivando a comunidade a continuar avançando com força e esperança”, Rosina Gaelagoy, líder comunitária.

 

  • Da América Latina: O Coletivo Indígena Jupago Kreká do Povo Xukuru do Ororubá, no Brasil, foi reconhecido por seu trabalho de regeneração do Território Sagrado Xukuru, historicamente degradado desde o período colonial. Com uma população de mais de 9.000 pessoas, o povo Xukuru recuperou seus direitos sobre 27.555 hectares de terra em 2002. Desde então, vem promovendo a restauração do território por meio de uma abordagem biocêntrica que integra a produção de alimentos com a regeneração florestal, a preservação do conhecimento ancestral e o bem-estar de todas as formas de vida que habitam seu território.

A Coletividade Agrícola Sagrada Jupago Kreká surgiu como uma iniciativa comunitária essencial para restaurar o território sagrado, fortalecendo a restauração ambiental, o renascimento cultural e a geração de meios de subsistência sustentáveis.

“Estamos muito felizes por receber este prêmio. Ele nos inspira a continuar sonhando, acreditando e dando continuidade a este projeto de vida: ver nossa floresta crescer mais rica, mais forte e mais resiliente a cada dia”, disse Bela Xukuru, membro da Coletividade Indígena Jupago Kreká.

Mais aqui.

Os vencedores foram anunciados durante uma cerimônia de premiação realizada em 30 de junho em Katmandu, coorganizada pelos membros da coalizão da RRI no Nepal e aberta por Aain Bahadur Shahi Thakuri, Ministro de Florestas e Meio Ambiente do Nepal. Dois representantes de cada uma das três comunidades premiadas compartilharam testemunhos emocionantes sobre seu trabalho, visão e compromisso contínuo com a proteção de seus territórios e conhecimentos tradicionais em benefício das futuras gerações.

Esses premiados são a prova viva de que as soluções para as crises globais do clima e da biodiversidade já estão aqui,” afirmou a Dra. Solange Bandiaky-Badji, presidente e coordenadora da RRI. “Enraizado no conhecimento ancestral e impulsionado pela ação coletiva, o trabalho deles oferece um roteiro para o resto do mundo. É uma grande honra reconhecê-los hoje e ajudar a amplificar suas vozes globalmente.”

Esses prêmios refletem a crença fundamental da RRI de que, quando os povos locais lideram esforços para proteger seus territórios com base em gerações de conhecimento tradicional, eles criam soluções poderosas e duradouras. Os finalistas e vencedores foram selecionados por um comitê externo de especialistas globais em direitos à terra, governança indígena e justiça climática.

“A coragem, sabedoria e inovação dessas comunidades — juntamente com os outros 15 finalistas inspiradores — nos lembram que a verdadeira liderança se encontra na gestão coletiva”, acrescentou Peggy Smith, presidente do Conselho de Administração da RRI. “Essas histórias comoviam todos os membros do comitê de seleção. Esperamos que este prêmio continue a destacar os esforços muitas vezes invisíveis das comunidades que cuidam do nosso planeta há muito mais tempo do que qualquer governo ou instituição.”

Este prêmio inaugural marca uma nova tradição para a RRI. As edições futuras serão baseadas em uma avaliação liderada pela comunidade deste primeiro ciclo e continuarão a dar destaque às vozes e à liderança dos movimentos de base em todo o mundo.

NOTAS PARA OS EDITORES

  • Cada finalista receberá apoio da coalizão global da RRI por meio de oportunidades de participar de fóruns internacionais sobre clima, conservação e direitos humanos, capacitação em narrativa e advocacy, e integração ao canal de financiamento da RRI para o CLARIFI, seu mecanismo internacional de repasse de recursos para apoiar projetos liderados por povos indígenas, afrodescendentes e comunidades locais.
  • Os 15 finalistas do Prêmio Ação Coletiva incluem:

África: Mt. Elgong Ogiek (Quênia); Comunidade de Massaha (Gabão); Comunidade Bashi do Sul de Kivu (RDC); APAC Kollou Ndig (Senegal); e Comunidade Batéké-Nord (RDC).

Ásia: Comunidade Tsumba (Nepal); Comunidade Lumad (Filipinas); AMAN Região de Bima (Indonésia); Povos Indígenas de Adat Dalem (Indonésia); e Tiriya Gram Sabha (Índia).

América Latina: Comunidade Achuar Sharamentsa (Equador); Potato Park (Peru); Pucayacu (Peru); Conselho Comunitário de Mulheres Afrodescendentes da Califórnia Delpatia (Colômbia); e Junta de Acción Comunal Vereda San Isidro (Colômbia).

Para mais informações sobre os prêmios, os vencedores e a comemoração do 20º aniversário da RRI, visite:

https://rightsandresources.org/rri-20th-anniversary-conference

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